terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O Boom dos "Green Roofs", ou as chamadas coberturas verdes

A impermeabilização dos solos é um assunto que tem levantado imensas questões ambientais e sociais, sobre quais os problemas ou benefícios associadas a estas. Apesar de ser um problema global é um assunto que afecta mais directamente as comunidades urbanas de larga escala, por razões óbvias.

A imagem anterior pretende ilustrar o desempenho do ciclo da água num solo permeabilizado. O ciclo da água é tido como o mais importante ciclo natural para o equilíbrio ambiental e mesmo sanitário. Assim, é possível reter dois valores importantes na comparação com situações opostas. Estes são a escorrência superficial, que neste caso é cerca de 10%, e a infiltração, que é cerca de 50%. De seguida será apresentado a mesma área, mas com uma elevada taxa de impermeabilização do solo (100%).

Nesta situação os valores são revertidos, pois a escorrência superficial aumenta para cerca de 55%, enquanto a infiltração diminui para cerca de 15%. Estes valores apresentados demonstram a importância do estudo dos impactos da impermeabilização dos solos, pois pôem em causa o ciclo da água.

É neste contexto de preocupação com a impermeabilização dos solos que surgem diversas ideias de diminuir estas taxas em zonas urbanas e altamente densificadas.
As coberturas verdes, mais comummente denominadas de "Green Roofs", são uma destas soluções possíveis.

Estas permitem atenuar os problemas de drenagem superficial nas zonas urbanas e contribuem para evitar que os valores de escorrência superficial e infiltração atinjam valores tão preocupantes, como os apresentados anteriormente.

Portanto, os benefícios para a cidade e para a sua comunidade são vários, não só ambientais, mas também como estéticos mas também sociais.

Vantagens para o meio-ambiente:

1. Combate o efeito albedo ou efeito ilha de calor urbano, fenómeno responsável pelo incremento de temperatura dentro do perímetro de uma cidade devido ao aquecimento que produzem os gases de veículos e aparelhos de ar-condicionado, assim como pela energia solar absorvida pelas superfícies urbanas, depois irradiada à atmosfera como calor.
2. Melhoria da qualidade do ar na cidade devido à capacidade das plantas e árvores para absorver as emissões de CO2.
3. Reduz a incidência de ventos.
4. Filtra o ar absorvendo partículas de pó até 85%.
5. Provoca uma redução das águas pluviais até 70%, e consequente redução da pressão nos esgotos da cidade.
6. Proporcionam espaços agradáveis à vista, com possibilidade de uso para lazer, a nível público (jardim ou parque urbano), ou para os vizinhos de um imóvel, ou para os trabalhadores de uma empresa.
7. Aumenta os espaços de habitat para pássaros e borboletas.

Vantagens para o edifício:
1. Maior longevidade do telhado (estimativa de 40 anos contra os 10/15 das coberturas planas tradicionais)
2. Aumento da eficiência energética nos edifícios pelas suas propriedades isolantes, reduzindo assim os custos de aquecimento e refrigeração sem necessitar de isolamento térmico (ROOFMATE).
3. Melhoria da acústica do edifício.

Desvantagens:
1. Sistema construtivo mais caro (mas rapidamente recuperado pela poupança energética).


As coberturas verdes não são mais que estruturas adaptadas para a aumentar as áreas verdes numa cidade, sejam estas em telhados ou paredes. Os "green roofs" são os casos mais estudados e usados, pelo que a separação destes conceitos seja de algum modo complicada.

Estas estruturas são extremamente complexas, pois necessitam de ser funcionais e não por em causa as estruturas existentes ou em que estão assentes.




Em Portugal, começam-se agora a dar os primeiros passos nas coberturas verdes e existem alguns bons exemplos. Caso conheçam alguns podem deixar o vosso comentário com sugestões!

Existem no entanto um exemplo emblemático, datado dos anos 60, e que desmistifica a noção da impossibilidade de se ter árvores de grande porte em coberturas verdes. Este exemplo é da autoria dos arquitectos paisagistas Gonçalo Ribeiro Telles e António Viana Barreto e trata-se de um dos melhores exemplos mundiais da Arquitectura Paisagista moderna, o jardim da Fundação Calouste Gulbenkian.
Este jardim, que muita gente não se lembra que tem o parque de estacionamento por debaixo deste, tem uma espessura de 40 cm de solo na sua maior parte! O sucesso da obra deve-se em muito á utilização de malhasol para permitir o enraizamento das plantas e conferir-lhes maior suporte.


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